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História

A Associação - Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola foi fundada em 2001, ainda que o estudo destas línguas remonte ao início do interesse académico sobre o contacto linguístico. 

Hugo Schuchardt, linguista alemão e professor na Universidade de Graz (Áustria) a quem o trabalho desenvolvido entre as décadas de 1880 e 1920 valeu o título de pai dos estudos crioulos, dedicou-se de modo particular aos crioulos de base portuguesa.
O seu primeiro estudo, publicado em 1882, foi também o primeiro artigo a documentar o crioulo de base portuguesa de São Tomé, sendo que a este se seguiram outros sobre os crioulos de Annobón, Senegal, Cabo Verde, Príncipe, bem como o indo-português e o malaio-português, mas também os crioulos de base espanhola das Filipinas. Schuchardt correspondeu-se com o filólogo português Adolpho Coelho, que escreveu entre 1880 e 1886 uma série de artigos dedicados às variedades ultramarinas do português e aos crioulos de base portuguesa. A sua colaboração foi muito produtiva e motivou a publicação das primeiras descrições de vários crioulos de base portuguesa, escritas por autores portugueses (no sentido em que viviam no império português) mas falantes ou com acesso privilegiado aos crioulos que descreviam, tais como as de António de Paula Brito (sobre o caboverdiano), Marcellino Marques de Barros (sobre o crioulo da Guiné-Bissau) e Sebastião Rodolfo Dalgado (sobre várias variedades de indo-português). 

A este florescimento dos estudos crioulos em Portugal – que durou de 1880 a 1920 – e um pouco mais tarde no mundo hispanófono, seguiu-se um período verdadeiramente árido, com poucos portugueses ou espanhóis a trabalhar neste campo. Como tal, poucos linguistas portugueses ou espanhóis participaram no rápido crescimento dos estudos crioulos a partir do início da década de 1960, na zona caribenha, nos Estados Unidos da América e no norte da Europa. Até à década de 1990, a maior fatia da investigação sobre crioulos de base ibérica era desenvolvida por um número limitado de académicos não-ibéricos, com poucas exceções. Contudo, em Junho de 1991, Alain Kihm e Ernesto d’Andrade organizaram, na Universidade de Lisboa, o primeiro colóquio sobre os crioulos de base portuguesa a ter lugar em Portugal. A participação de importantes crioulistas de todo o mundo aumentou a visibilidade desta área de estudos em Portugal e contribuiu para o processo de formação da ACBLPE. 

Por esta altura, já estavam estabelecidas associações científicas para o estudo de línguas crioulas, incluindo a Society for Caribbean Linguistics (fundada em 1972), o Comité International des Études Créoles (1976) e a Society for Pidgin and Creole Linguistics (1989). Por fim, em 2001, juntou-se-lhes a Associação - Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola, que teve o seu primeiro encontro na Universidade de Coimbra. Um pouco mais tarde, ainda nesse ano, era fundada no Brasil a Associação Brasileira de Estudos Crioulos e Similares. A ACBLPE reúne regularmente com a maioria destas associações, dentro e fora da Península Ibérica (v. “Encontros anteriores”). Foi decidido que os encontros anuais da ACBLPE deveriam alternar entre Portugal/Espanha e outras partes do mundo, o que permitiu à associação atingir o alcance global que tem atualmente ao mesmo tempo que cumpria o seu propósito de desenvolver os estudos crioulos na Península Ibérica.  

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